segunda-feira, 3 de outubro de 2011

As Bacantes, de Eurípides

         As Bacantes formaram o corpo de seguidores de Dionísio que o seguiam fielmente. Devido às suas vestimentas serem compostas por uma curiosa serpente na cintura e trajes especiais, sempre portavam o tirso, o que pertencia á adoração de Baco. Era um cajado mágico e que servia de apoio na caminhada. O cortejo acerca do cajado atraia muita gente.  As Bacantes foi a única peça que sobrou do repertório grego onde Dionísio aparece, nela podemos ver o entrechoque de Dionísio e Penteu; um não sobrevive sem o outro.  O texto de As Bacantes tem uma tradição única entre as tragédias que a Grécia deixou, é uma peça que cita a narrativa simples e a mimese que é a imitação. Nesta dramaturgia a presença dos deuses é constante tanto na forma divina quanto humana, na qual eles mantinham um contato físico e intimo com mulheres. É importante não só pela tradição, como também por ser a única tragédia sobrevivente que explora um episódio da mitologia dionisíaca, se passa em Tebas, foi encenada em 405 a.C no grande festival das dionisíacas, iniciando com Dioniso visitando o túmulo de sua mãe Sêmele, que morrera decorrente da ira que Hera (deusa do casamento) sentiu ao saber da traição de Zeus (rei dos deuses), seu marido. Trata-se da historia do deus Dionísio que segundo o autor era filho de Zeus, deus dos deuses e da humana Sêmele, quando o romance foi descoberto pela deusa e esposa de Zeus Hera, ela tratou de dar fim a amante, utilizou-se do afeto que o soberano rei tinha por Sêmele e a persuadiu a pedir a Zeus que mostrasse a sua aparência de deus que era a de um poderoso raio, ele não mensurou que isso poderia matá-la, mas Hermes salvou o filho dos amantes do ventre da materno,  antes da trágica morte, e o entregou ao pai que terminou de gerar o fruto de seu amor proibido em sua coxa. O texto de Dionísio na narrativa de Eurípides é um deus jovem, enfurecido porque sua família mortal a casa real de Cadmo, negou-lhe um lugar de honra como divindade e sua mãe Sêmele foi uma das amantes de Zeus e ainda grávida foi morta porque havia visto Zeus em sua forma divina o raio, a maior parte da família de Sêmele incluindo sua irmâ Agave recusou-se a acreditar que Dionisio era filho de Zeus e o jovem deus foi rejeitado em sua própria casa. Dionísio sendo o filho da traição e traz consigo a revolta da rejeição desde o ventre de sua mãe que também lhe tiraram, foi violentado desde a sua gestação então não pensa em outra coisa, a não ser em vingança,característica própria da tragédia. O texto narra a revolta de Dionísio por ter sido repelido como divindade perante os outros deuses e por falta de credibilidade perante todos quando ele dizia ser filho de Zeus, porém isto era devido todos acharem que ele havia morrido ainda no ventre de sua mãe amante do deus.  As Bacantes é uma tragédia escrita por Eurípides, esta dramaturgia foi apresentada pela primeira vez em um festival das grandes Dionisíacas, era comemoração religiosa oferecidas ao deus Dionísio, uma crença da Grécia Antiga.   Nesta obra Eurípides parece convencido de que a razão tem suas limitações, de que o racionalismo não pode esgotar inteiramente a verdade sobre o homem ou a natureza, aborda diversos conceitos, que se confronta na dramaturgia, este confronto acontece entre a superioridade divina com a soberania tirana, envolvendo o natural inerente e o social, a razão e a emoção, destaca também o ser feminino e masculino e a postura de ambos envoltos em orgia, de grego e bárbaro em meio a essas atribulações há uma tentativa de entendimento, porém sem sucesso devido aos conflitos desordenados em que se encontrava essa crise.  Ao chegar a Tebas o primeiro ato de Dionísio foi tornar suas tias e as demais que caluniaram sua mãe, em mulheres insanas e também por tratá-lo como bastardo, assim ele começou a sua vingança. Penteu ao ficar sabendo considerou o como forasteiro  por dizer que era filho de Zeus, este sendo o sucessor de Cadmo no trono de Tebas jurou dar fim aos rituais sensuais e de vulgaridade que acercava a cidade e seus arredores, pelos segadores e adoradores de Baco. Com isso deu se inicio a uma atribulada discussão e batalha, onde Penteu acreditava que Dionísio era um falso deus que trouxe discórdia, além de corromper as mulheres sensatas de Tebas, por isso acabaria com ele em honra aos verdadeiros deuses, porém Dionísio tinha em mente que tomaria o trono de Tebas em honra a memória de sua mãe. No texto "As Bacantes, de Eurípides" tem o coro atuante, na primeira a atuação do coro é dividido em estrofes, antiestrofes e epodo (terceira fala poética). E ainda, logo após cada episódio, que são cinco, o coro das bacantes cantam dançando (estásimo). Na segunda há no párodo (momento que o coro inicia sua apresentação), a sequência da cena epirremática (diálogo do coro e personagem). Durante os rituais os gregos acreditavam que a divindade se manifestava através de animais, nesses ritos era a Omofagia que era feito o consumo de carne crua das vítimas e o ato de comer esses animais representava uma forma de se identificar com o deus e de acordo com esse processo intensificava seus sentimentos e como objetivo levada a satisfação e equilíbrio. E impressionante quanto o culto a Dionisio levava as pessoa ao extremo e tanto que  Agave mãe de Penteu foi a primeira a se levantar contra a vida de seu filho, alucinada o vê em forma de um animal ‘’ leão’’ despedaçou o corpo dele, ele gritava dizendo que era seu filho, mas os seus apelos foram em vão, pois ela tinha tomado do vinho e estava embriagada, e não conseguia reconhece-lo, acabou matando o, depois de matar Penteu Agave orgulhosa vai à cidade e apresenta a cabeça de seu filho como se fosse de um animal, seu pai tenta com muita dificuldade fazer com que ela reconheça que, aquela cabeça não era de um animal, mas do seu filho, pois ela estava em êxtase, ela recupera a consciência e ver que era a cabeça de Penteu seu filho, então a tristeza e revolta contra Dionísio consome seu coração É bem evidente no 5º episódio, no diálogo entre o coro e o 2º mensageiro, o desfecho da tragédia. Um filho morre pelas mãos da própria mãe, tudo tramado por Dioniso. Agave, mãe de Penteu, e suas irmãs de sangue juntamente com todas as bacantes atacaram-no, arrancando braços e pernas, decepando a sua cabeça. Tudo isso aconteceu num ato de loucura, para exaltar as divindades. Mais a frente, no êxodo, através do diálogo entre coro e Agave, nota-se que a mãe não sabe que loucura cometera, ela pensa ter sacrificado um animal, não o seu filho. Logo entra Cadmo e continua o diálogo com sua filha, Agave. Em meio às cerimônias e oferendas praticadas em celebração ao deus Dionísio, os seus seguidores ainda acreditava que ele também se revelava na forma de muitos animais. E com isso acreditava que o sacrifício seguido pelo ato de comer a carne da vítima, crua, pensando que com isso eles teriam uma ligação com o deus adorado, se diferenciando dos demais mortais. Podemos ver que a figura de  Dioniso na tragédia grega inspira maldade, inveja, esbórnia, apologia ao sexo e bebidas alcoólicas, é  impressionante a atualidade dessa peça, percebemos durante o desenrolar da história características presentes na sociedade de hoje,  drama,  tragédia,  religião,  traição,  competição,  política, a rejeição atribuída a um filho fora do casamento, esses fatos são presente em nosso cotidiano como herança histórica.

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